Amigos de Anne Frank - Jacqueline van Maarsen

Jacqueline van Maarsen 

Anne e Jacqueline foram melhores amigas no colégio.

"Só fui conhecer Jacqueline van Maarsen quando comecei a estudar no Liceu Israelita, e agora ela é minha melhor amiga." - Anne Frank (Domingo, 14 de Junho de 1942)


Amizade:


     A amizade das duas se iniciou quando se tornaram colegas do Liceu, colégio de judeus criado pelos alemães.

Kitty Gokkel-Egyedi, Hanneli Goslar
e Jacqueline van Maarsen 
“Os alemães que haviam fugido para a Holanda eram muito unidos e não se misturavam muito com a gente. Mas, no momento que a gente se conheceu, ela deixou um pouco esse jeito. E era bastante doce comigo... Nunca conheci ninguém que gostasse mais de viver do que Anne. Nós estávamos sempre ocupadas fazendo alguma coisa divertida.” - Disse Jacque sobre Anne.  
     Porém, como toda infância, ocorreram algumas briguinhas e desentendimentos desnecessários entre as duas. “Ela era bastante ciumenta, queria que eu fosse amiga só dela. Algumas vezes ela ficava brava comigo porque eu conversava com outras pessoas.” - Disse Jacque.


Biografia:

     Jacqueline Yvonne Meta, também chamada de Jacque van Maarsen, nasceu em 30 de Janeiro de 1929, nas redondezas de Amsterdã. É filha de pai judeu holandês (Hijman van Maarsen) e mãe católica francesa (Eline van Maarsen). Jacque cresceu ao lado de sua irmã Christiane van Maarsen. Durante o período de dominação alemã na Segunda Guerra Mundial, a Holanda enviou 107 mil judeus para campos de concentração. Infelizmente, apenas 5,2 mil sobreviveram. Entre elas Jacqueline, a melhor amiga de Anne Frank. Segundo o famoso diário de Anne, Jacque van Maarsen só escapou da deportação para um destino semelhante, porque seu nome entrou na lista de Hans Georg Calmeyer. Isso aconteceu pois à frente da "Direção de Administração Interior", o advogado poderia libertar pessoas que não fossem totalmente "judias", as livrando da perseguição dos nazistas.

     “Não se sabe ao certo se Calmeyer salvou tantos judeus apenas porque sabia que a Alemanha perderia a guerra, mas de qualquer forma ele o fez. Quando você tinha apenas o pai ou a mãe judeu, ele organizava para que você não fosse considerado judeu."

     “Eu não acreditei no que esse pesquisador falou logo na primeira vez, mas ele me mostrou um documento onde estavam as assinaturas da minha mãe e do meu pai. Foi esse papel que permitiu que eu não precisasse mais frequentar a escola judia e pudesse não fazer mais parte da comunidade judia à época, o que foi muito difícil porque a comunidade era muito unida e eu gostava da escola. Foi muito estranho saber disso apenas agora quando eu já tenho 86 anos.”

     - Disse Jacque, que perdeu muitos de seus familiares por conta da perseguição nazista. Ela também fala sobre um documento muito importante, que só chegou ao seu conhecimento dois anos atrás.


     Quando a perseguição aos judeus aumentou, as duas fizeram uma promessa: a primeira que tivesse de fugir dos nazistas (ou que fosse capturada por eles) deixaria uma carta para a outra. Em julho de 1942, a irmã de Anne, Margot, recebeu uma carta que a ordenava a se apresentar para os alemães afim de que fosse levada para um campo de trabalho forçado, essa carta foi o estopim para toda a família Frank se esconder no anexo do prédio da antiga  empresa de Otto Frank. Numa tentativa de despistar os nazistas, ele deixou um bilhete avisando que todos teriam fugido para a Suíça.
     Impedida pela mãe de dar qualquer pista de seu paradeiro, Anne escreveu, na verdade, mais de uma carta para Jacqueline durante o período de pouco mais de dois anos que a família passou escondida. Anexou-as ao diário na esperança de poder reencontrar a amiga um dia. A cópia das cartas só chegou às suas mãos depois da guerra por meio de Otto Frank, o único sobrevivente das oito pessoas que ficaram no esconderijo até serem capturadas pelos nazistas e mandadas para campos de concentração. “Foi muito triste ler aquelas cartas cheias de amizade no momento que soube que ela tinha sido morta." - Disse Jacqueline.
      Atualmente, vive com seu marido Ruud Sanders, os dois estão juntos de 1954. Jacque tem três filhos, Lili Sanders, Marteen Sanders e Joost Sanders.


O primeiro contato com o "Diário de Anne":

     Otto Frank, pai de Anne, mostrou a ela o livro que Anne havia escrito no claustro antes de publicá-lo. "Eu pude ver que aquela era mesmo a letra dela, que era muito bonita, ao contrário da minha. Anne foi muito honesta sobre si mesma no livro. Aquela era a Anne que eu conhecia" A única coisa que ela inventou um pouco foi que todos os garotos estavam sempre caindo de amores por ela. Aquilo não era verdade." - Disse Jaque.
     Ela acredita que a amiga se inspirou na série de livros holandesa Joop ter Heul , que as duas leram juntas. para escrever a sua obra-prima. “É por isso que ela me chama de Joopie no seu diário.”
     Mas conta que demorou para entender o  valor literário do livro escrito por Anne Frank. Até por isso não ficou surpresa, na época, quando soube que Otto estava tendo dificuldades em achar um editor que o publicasse.
     “Quem iria parar para ler um livro de uma criança?’, eu pensava. Otto me deu um livro de  presente e eu escrevi uma carta para agradecê-lo em que finalizei dizendo ‘quem sabe um dia oDiário de Anne Frank não vai ser uma obra famosa’. Jamais podia imaginar que isso realmente aconteceria, havia escrito aquilo apenas para agradá-lo.”


Os livros sobre a amiga:

     Apesar do sucesso do Diário e da fama da amiga, Jacqueline publicou o seu primeiro livro sobre a relação das duas apenas em 1990. “Fiz o melhor para tocar a minha vida sem pensar nas coisas ruins da guerra. Claro que me sentia triste por tantas famílias que nunca voltaram dos campos de concentração, toda a família do meu pai, mas ao mesmo tempo estava aliviada de estar viva.”
     Durante 43 anos, ela dedicou-se ao marido, aos filhos e ao seu atelier de encadernação de livros. Até que Eva Schloss, filha da segunda mulher de Otto Frank publicou um livro em que contava algumas inverdades, como diz Jacqueline.
     Foi então que bateu a vontade de escrever também sobre o assunto e hoje ela já tem quatro livros publicados sobre a relação com Anne. O último, ‘Je Best Vrienden Anne’ (‘Sua Melhor Amiga, Anne’, do holandês), publicado em 2011 e voltado para crianças e adolescentes, recebeu um dos maiores  prêmios da literatura holandesa, o Zilveren Griffel (Tinteiro de Prata), no ano seguinte.

“Agora eu fico feliz de falar com as pessoas sobre minha relação com Anne e o holocausto. Ainda há pessoas que acreditam que o holocausto não ocorreu ou, como boa parte dos jovens alemães com quem eu converso, que não entendem como seus avós puderam fazer uma coisa dessas.”


Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/melhor-amiga-de-anne-frank-foi-salva-por-oficial-nazista,5ac17033eab0c410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

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